O envelhecimento da população é uma preocupação mundial, tanto das comunidades científica, política e econômica como da sociedade em geral. Trata-se de uma realidade com a qual nos deparamos e para a qual ainda não estamos devidamente preparados. É preciso um olhar mais atento, tanto com idosos saudáveis quanto com aqueles que passam por alguma enfermidade.
Ter qualidade de vida e saúde mental na terceira idade é possível, sim. A terapia pode auxiliar muito nessa delicada fase da vida. Pessoas nessa faixa etária possuem preocupações, expectativas, necessidades e desafios diferentes. Para se adequar a esses aspectos, é preciso mais que consciência. Sentir a dor do outro é impossível, por mais que se tente. Mas apenas imaginar como seria lá na frente, se fosse com você... Para muitas pessoas, pensar em envelhecer e não saber como será é algo triste e preocupante. Você não precisa sofrer por antecipação se procurar começar a entender sua mente hoje e saber o básico sobre ela para se ajudar no dia de amanhã.
Alguns idosos não expressam claramente seus sentimentos. Uma da melhores provas de amor junto aos mais velhos é deixá-los falar. Talvez antes, fazê-los falar. Convencê-los de que podem e devem buscar formas de expressão, e jamais calar ou sufocar o que sentem. A insatisfação ou a infelicidade com a diminuição da capacidade funcional e as inevitáveis transformações na aparência são alterações com as quais muitos não sabem lidar. Já outros não conseguem aceitar que não possuem a mesma força física, disposição e memória* de antes. Pessoas muito apegadas ao trabalho também podem se sentir mal quando chega o momento de se aposentar.
Outro fator relevante para a qualidade de vida e saúde mental dos idosos é o surgimento de patologias. O tratamento, as sequelas de acidentes neurológicos (limitações físicas causadas pela doença, por exemplo), o consumo de medicamentos variados ou outros quadros psicopatológicos podem acentuar o mal-estar na terceira idade.
Embora a demência e o mal de Alzheimer sejam as condições mais temidas nessa faixa etária, não são as únicas que merecem preocupação. Os próprios idosos devem ficar atentos para a depressão e a ansiedade. Caso eles morem sozinhos ou distante dos familiares, a atenção para os sinais desses transtornos mentais deve ser redobrada.
Abaixo, alguns indicativos de alerta:
Mau humor, irritação, estresse, tristeza ou apatia constantes;
Falta de interesse em sair de casa, passear ou fazer atividades;
Desorientação e acentuada perda da memória;
Queixas sobre falta de propósito na vida;
Constante olhar para baixo;
Insatisfação com as mudanças causadas pelo envelhecimento;
Falta de apetite, insônia ou dificuldade para dormir;
Aumento de dores no corpo;
Vontade de se isolar;
Perda de energia.
Buscar conhecimento, reconhecer alguns sinais e aumentar o cuidado com a qualidade de vida e a saúde mental e emocional dos idosos é fundamental. Se a repetição dos sinais acima em um curto período de tempo for notada, busque ajuda profissional.
Não deixe que eles percam o pouco da energia que lhes resta, a cada dia que passa. Todos nós sabemos o final, mas que jamais permitamos que ele seja triste, solitário e carente de amor. Um olhar mais carinhoso, uma escuta atenciosa e palavras positivas criam novos cenários onde antes só havia solidão, tristeza e dor. Terapia se faz com empatia, consideração, dedicação, atenção, amor e atitude.
(*) É fundamental estimular a memória da pessoa idosa com exercícios próprios, jogos, etc. O ideal é não esperar a idade avançada chegar para buscar remediar situações dessa natureza. Precisamos combater essa cultura atrasada. Vamos cuidar mais de quem já nos cuidou, é o que nos cabe fazer.