Qual a frequência inicial?
O ideal é que no começo sejam sessões semanais para que a terapia seja produtiva. É normal a curiosidade do paciente ao perguntar quantas sessões serão necessárias, porém não existe um período pré-determinado, pois varia de pessoa para pessoa. Cada paciente é único e, sendo assim, é praticamente impossível, devido aos vários fatores, determinar qual o tempo necessário ao tratamento.
Além disso, existem vários tipos de terapia. São diversas vertentes que variam desde as clássicas e tradicionais, as holísticas ou alternativas até as mais modernas e pouco conhecidas. Nesse sentido, a evolução/melhora ou até mesmo a alta irá depender também da linha de trabalho seguida e do comprometimento da pessoa que está sendo tratada.
Dados facilmente encontrados na internet revelam com unanimidade que na maioria das vezes uma sessão semanal é o suficiente, mas pode acontecer de o profissional recomendar mais que isso por semana.
Processo terapêutico.
Inicia-se com atendimentos semanais, geralmente por um período não inferior a dois meses e, somente após uma certa estabilidade nas melhoras conquistadas, aumentamos gradativamente os intervalos entre as sessões para 10, 15 e 21 dias.
Quando o paciente demonstra razoável domínio sobre suas emoções e/ou pensamentos, dilata-se o intervalo entre os atendimentos para uma vez ao mês.
Dados apontam ainda que cerca de 3 a 4 pacientes apresentam melhora expressiva da queixa inicial após 6 meses de tratamento terapêutico. Aqui na clínica esta estatística cai para 2 a 3 meses.
Sobre a interrupção das sessões.
A interrupção de um tratamento psicoterápico é um fato com consequências diversas, tanto para o paciente (ou cliente, como preferir) como para o terapeuta (psicanalista, psicólogo, psiquiatra ou terapeuta integrativo). O abandono da terapia geralmente traz para as partes envolvidas sentimentos de fracasso e ineficácia. Porém, ainda fica a dúvida: quando dar alta?
Por quais motivos alguns pacientes interrompem o tratamento?
Difícil precisar com exatidão os motivos que levam algumas pessoas (a minoria, felizmente) deixarem de comparecer às sessões, mas consigo observar quatro situações bem comuns:
Na primeira, o paciente traz para o consultório de terapia (setting terapêutico) as experiências de consultórios médicos, onde uma ou duas visitas muitas vezes resolvem os sintomas da queixa física. Com a mente humana não funciona assim, pois é um conjunto de emoções e pensamentos (energias psíquicas) que "pedem socorro".
Na segunda, o paciente vem de um outro consultório de terapia onde não obteve os resultados no tempo que ele desejava, esperando que agora seja diferente.
Na terceira, o paciente sente-se desapontado com o seu lento progresso no novo tratamento e a frustração toma conta, pois "entende" que sua queixa já deveria ter melhorado.
E por última (e ao meu ver, a mais perigosa situação), existem aqueles que percebem uma nítida melhora na sua condição e acham que já estão aptos a parar o tratamento. É o famoso "já deu, estou bem": quando a dor diminui consideravelmente ou até mesmo sessa, você pensa já estar curado. Grande erro. A tendência da mente é voltar aos padrões anteriores de comportamento e/ou pensamentos
Nos casos em que o paciente se sente desencorajado com a terapia é recomendado conversar sobre isso com o próprio terapeuta, pois este pode sugerir outras opções e entender o real motivo dessa frustração. Essa solução é bem melhor do que simplesmente cancelar a próxima sessão e não aparecer mais.
Além disso, existem situações em que o paciente pode estar sentindo uma espécie de estagnação com o processo terapêutico. Nesses casos, o melhor a fazer é conversar com o profissional, pois se realmente parar for a melhor opção, o terapeuta irá conduzir as sessões de forma a se desligar gradualmente do paciente. Esse procedimento é necessário para a pessoa não sentir o efeito que tanto tememos: a inevitável recaída por não ter concluído ou dado continuidade ao processo.
Esses sinais deverão ser discutidos com seu terapeuta antes do encerramento do processo de psicoterapia. Conversar sobre a vontade de desistir, além de terapêutico é também esclarecedor. Muitas vezes nossa própria mente cria mecanismos para justificar nossas escolhas, certas ou não. Entender minimamente esse fenômeno psicodinâmico é muito importante. E conversar sempre será a melhor alternativa, em toda e qualquer situação.
A importância de ser sincero.
Não tenha medo de falar sobre o que for. Ambos poderão chegar a conclusões bastante pertinentes sobre o processo como um todo. Afinal, os comportamentos gerados à partir da relação terapêutica é a via de acesso do profissional terapeuta para conhecer a fundo o olhar de seu paciente e a forma de relacionar-se com o mundo ao seu redor.
Sinta-se livre para conversar com o seu terapeuta sobre suas insatisfações ou estagnações com o processo terapêutico. Deixe esse caminho aberto, pois é interessante manter uma boa relação caso a pessoa tenha que voltar ao tratamento.
Qual o perigo de parar a terapia sem alta?
O ideal é o desligamento gradual, já que parar a terapia antes da alta pode ser um grande equívoco com consequências mentais e emocionais ainda piores. O vínculo formado entre paciente e terapeuta não deve ser cortado abruptamente, pois, neste caso, é possível que o paciente tenha alguma recaída e acabe voltando ao estado que estava anteriormente.
Isso poderá gerar insegurança no paciente, que irá precisar resgatar alguns pontos que não foram concluídos. Além disso, uma posterior retomada do processo terapêutico acaba sendo muito mais difícil quando já houve alguma interrupção brusca e o consequente abandono e deterioração daqueles passos que foram cuidadosamente construídos.
Considerando-se o mais comum na terapia, que é a frequência semanal, entende-se como INTERRUPÇÃO do processo terapêutico o não comparecimento por mais de quinze dias e ABANDONO da terapia a ausência por mais de trinta dias. Esse período de afastamento compromete toda uma sequência planejada, o desenvolvimento e aplicação de técnicas programadas e o esforço mental investido por parte do profissional terapeuta, pois perde-se o ritmo do tratamento. Apenas para se ter uma ideia, uma simples avaliação psicológica pode durar cerca de cinco sessões.
A pessoa é livre para fazer suas escolhas. Na terapia não é diferente, porém, não será ela quem decidirá ou determinará o ritmo ou como deverão acontecer as sessões. Terapia é um processo, e quem decide a frequência, a forma e o ritmo ideal é o profissional, em concordância com o seu paciente. Quando não existe esse acordo ou ele é desrespeitado, deixou de ser terapia* (pois não há uma sequência a ser seguida) e sim apenas consultas esporádicas e pontuais, sem a expectativa de resultados mais amplos, progressivos e satisfatórios, a médio e longo prazo.